Manu Lafer

Músico e Compositor

#PartiuZePelintra

O cantor Germano Mathias, conhecido como o Catedrático Do Samba, recebe uma merecida homenagem da nata da MPB. Considerado o maior representante do samba paulista em atividade, Germano iniciou sua carreira na década de 1950 adicionando elementos de sapateado, das rodas de tiririca, no estilo de cantar que ele define como sincopado.

O nome do projeto, #PartiuZePelintra (alguns chamariam de Zé Pilintra), faz referência ao personagem que Germano criou para se apresentar no palco. Chapéu panamá branco, sapato de “chupa cabra” e terno “cinturado”, inspirado na umbanda e na elegância que traz respeito aos artistas e prevenção contra o preconceito. Sem o personagem, ele correria o risco, aponta, de ser identificado como “um embaixador húngaro”.

Uma história ilustrativa do começo da carreira meteórica de Germano: mesmo aqueles que só conheciam a sua voz do rádio, sem os seus trejeitos e trajes, ficavam curiosos (“vidrados”). Mathias testemunhou uma conversa de leões de chácara de uma gafieira, ao sair de um backstage: “não apostei que ele era branco?”.

O compositor Manu Lafer, seguidor confesso da linhagem musical de Germano, incentivado por Zeca Baleiro, convidou intérpretes renomados e especializados da nossa MPB para gravar músicas do vasto repertório de Germano.

Germano não é totalmente conhecido mesmo entre as gerações que o reverenciam e apreciam, quiçá das gerações mais recentes. São quase três centenas de músicas gravadas, com “assunto” e escolha musical pessoais.

Manu e Zeca Baleiro cantam com Germano Malandro Não Vacila. Manu e a talentosa hispano brasileira Irene Atienza cantam com Germano Porto Rico, um dos maiores sucessos de Caco Velho (1920-1971), cantor que serviu de inspiração para Germano, o qual inclusive fez disco e show em homenagem ao artista gaúcho.

Baleiro ainda gravou com Anastácia, Serra Da Coirana (de um CD de forrós feito por Mathias com Lafer). Anastácia, do universo do forró, e Luiz Carlini, expoente da guitarra do rock nacional, e que no projeto gravou Serra Da Coirana e Eu Vou Te Pegar, são exemplos de como um artista pode ser marcante pela qualidade do que faz num gênero – samba – e ser reconhecido por estrelas dos outros. Citemos também o representante do forró o acordeonista Toninho Feragutti e da música sertaneja de raíz, o violista Neymar Dias.

Gilberto Gil, produzido por Bem Gil, interpreta a canção composta para o próprio Germano por Manu, Amigo De Garfo. Gilberto Gil revelou Germano Mathias para várias gerações, seja na interpretação com voz e violão ou com banda para Minha Nega Na Janela (do próprio Germano, hoje extremamente politicamente incorreta) seja no LP Antologia do Samba De Breque, que reuniu gravações dos anos 1950 de Germano com as do próprio Gil nos anos 1970.

De certa forma, o canto falado e as possibilidades encontradas por Gilberto Gil para explorar o potencial de Minha Nega Na Janela, foram uma epifania comparável à interpretação de João Gilberto (1931-2019) para Rosa Morena, de Dorival Caymmi (1914-2008). João Gilberto, com toda revolução que provocou, despontou depois de Germano Mathias.

Germano abre o tributo cantando Malandro De Araque. Gil perguntou (eufemismo para sugeriu, recomendou, ordenou) se ouviríamos Germano cantando. Os produtores incluíram essa faixa com regional, ao estilo de Germano, que só lembrou da obra recentemente, ao ser interpelado por um comerciante, ao acaso.

Outros convidados ilustríssimos enaltecem o tributo: Fafá De Belém, Mateus Aleluia, Leila Pinheiro, Zélia Duncan, Luiz Tatit, Ná Ozzetti, Maúcha Adnet – cantando talvez o maior sucesso de Germano, Lata De Graxa-, Verônica Ferriani e, dentro do universo diversificado do samba: Graça Braga, Mariana Bernardes, Fabiana Cozza, Carlinhos Vergueiro e Chico Médico.

Entre os compositores, além do próprio Germano (Os Vidrados, Metamorfose, Seu Cochilo), estão ícones do samba carioca, ao qual Germano sempre foi ligado: Padeirinho Da Mangueira (Barra Pesada) e Zé Keti (Nega Dina e Regenerado) e do samba paulist, o alagoano radicado Jorge Costa (Requebrado Diferente).

A produção e os arranjos são de Swami Jr, e a banda de apoio conta com o mestre Luizinho no violão de 7 cordas, Douglas Alonso e Milton Mori, com participações.

Faixas
1. Malandro de Araque (FM Cabral, Rafael Gentil)

Quando o tira me encanou
Lá na esquina da avenida
Eu seguia pra oficina

Pra ganhar a minha vida

Não sou de Copacabana
Nem da avenida São João
E a minha calça rancheira
É resto de um macacão

Quando o tira me encanou
Cometeu uma falseta
Eu nunca fui um playboy
E nem ando de lambreta

Olhe bem, seu delegado
Isto aqui não é topete
É cabelo arrepiado
De quem vive no basquete

Inferninho que eu conheço
É o trabalho, noite e dia
Nunca fui a uma boate
Nem cursei academia

Eu nunca vi a Maysa
Nem danço rock’n roll
Meu fraco é ver o Pelé
Num campo de futebol

Meu pai não é deputado
É servente de pedreiro
Minha mãe não joga pife
Lava roupa o dia inteiro

Em casa quem não trabalha
É o pobre pai do meu pai
Porque perdeu uma perna
Na guerra do Paraguai
(Muito breve ele vai)

Quando o tira me encanou
Cometeu uma falseta
Eu nunca fui um playboy
E nem ando de lambreta

Olhe bem, seu delegado
Isto aqui não é topete
É cabelo arrepiado
De quem vive no basquete

Inferninho que eu conheço
É o trabalho, noite e dia
Nunca fui a uma boate
Nem cursei academia

Eu nunca vi a Maysa
Nem danço rock’n roll
Meu fraco é ver o Pelé
Num campo de futebol

Meu pai não é deputado
É servente de pedreiro
Minha mãe não joga pife
Lava roupa o dia inteiro

Em casa quem não trabalha
É o pobre pai do meu pai
Porque perdeu uma perna
Na guerra do Paraguai
(Muito breve ele vai, vai)

E muito breve ele vai, vai, vai, vai
Muito breve ele vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai
Muito breve ele vai, vai, vai
Mas muito breve ele vai, muito breve ele vai
Muito breve ele vai, vai, vai

2. Bacharel de Gafieira (Conde)

Quando eu brigo com Yvone
Não escolho, não
Vou pra gafieira

Fecho o olho e passo a mão

Gato quando tá com fome
Come até sabão
Gato quando tá com fome
Come até sabão

Quando eu brigo com Yvone
Não escolho, não
Vou pra gafieira
Fecho o olho e passo a mão

Gato quando tá com fome
Come até sabão
Gato quando tá com fome
Come até sabão

Seja preta ou seja branca
Mesmo velha está bem
O que eu não quero é sair do baile
Sem levar alguém

Sou cartaz, estou por cima
E não vou fazer asneira
Tenho o meu anel de grau
Sou bacharel de gafieira

Rapaz
Sou formada e tudo
Pensando o quê?

Quando eu brigo com Yvone
Não escolho, não
Vou pra gafieira
Fecho o olho e passo a mão

Gato quando tá com fome
Come até sabão
Gato quando tá com fome
Come até sabão

Seja preta ou seja branca
Mesmo velha está bem
O que eu não quero é sair do baile
Sem levar alguém

Sou cartaz, estou por cima
E não vou fazer asneira
Tenho o meu anel de grau
Sou bacharel de gafieira

3. Amigo de Garfo (Manu Lafer)

Se a sua morada não fosse do Bruno

Se a danada da Yvone não soubesse cozinhar
Se o Mati soubesse latir
E se você não soubesse cantar

Você acha que eu vinha te visitar?
Você acha que eu vinha te visitar?

Traz o garfo e o prato
Traz os sambas do Caco
Faz um filé de bule pra nos acompanhar

E agora rebola esse queixo
Rebola que eu deixo você rebolar
E agora rebola esse queixo
Rebola que eu deixo você rebolar

Se a sua morada não fosse do Bruno
Se a danada da Yvone não soubesse cozinhar
Se o Mati não soubesse latir
E se você não soubesse cantar

Você acha que eu vinha te visitar?
Você acha que eu vinha te visitar?

Traz o garfo e o prato
Traz os sambas do Caco
Faz um filé de bule pra nos acompanhar

E agora rebola esse queixo
Rebola que eu deixo você rebolar
E agora rebola esse queixo
Rebola que eu deixo você rebolar

Se a sua morada não fosse do Bruno
Se a danada da Yvone não soubesse cozinhar
Se o Mati não soubesse latir
E se você não soubesse cantar

Você acha que eu vinha te visitar?
Você acha que eu vinha te visitar?

Traz o garfo e o prato
Traz os sambas do Caco
Faz um filé de bule pra nos acompanhar

E agora rebola esse queixo
Rebola que eu deixo você rebolar
E agora rebola esse queixo
Rebola que eu deixo você rebolar

4. Serra da Coirana (Déo do Baião, Onildo Almeida)

 

Vamo pra Serra da Coirana Anastácia?
Simbora

Capinheiro, não me leve lá pra Serra da Coirana
Capinheiro, não me leve lá pra Serra da Coirana

Lá na Serra da Coirana tem catinga de macaco
Tem cipó, rabo de rato, urtiga e tamiarana
A cobra caninana no meio da embaúba
Mata de maçaranduba, titico e suçuarana

Lá na Serra da Coirana tem jurema e pau pereira
Juazeiro e catingueira, sucupira e umburana
Tem coisa que admira, que faz medo ao caçador
É por isso que eu não vou lá pra Serra da Coirana

Capinheiro, não me leve lá pra Serra da Coirana
Capinheiro, capinheiro não me leve lá pra Serra da Coirana

Lá na Serra da Coirana tem bicho que arrepia
Tem coruja, tem cotia, tem jacu e muçurana
Tem coisa aqui pensando, lá não briga o caçador
E é por isso que eu não vou lá pra Serra da Coirana

Lá na Serra da Coirana tem jurema e pau pereira
Juazeiro e catingueira, sucupira e umburana
Tem coisa que admira, que faz medo ao caçador
E é por isso que eu não vou lá pra Serra da Coirana

Yes!
Já foi lá na Serra da Coirana?
Ainda não, mas antes de morrer eu vou!

Simbora

E lá na Serra da Coirana tem bicho que arrepia
Tem coruja, tem cotia, tem jacu e muçurana
Tem coisa aqui pensando, lá não fica o caçador
É por isso que eu não vou lá pra Serra da Coirana

Capinheiro, não me leve lá pra Serra da Coirana
Capinheiro, capinheiro não me leve lá pra Serra da Coirana

Capinheiro, não me leve lá pra Serra da Coirana
Capinheiro, capinheiro não me leve, não me leve, lá pra Serra da Coirana

 

5. Metamorfose (Germano Mathias)

Todo mundo morre
Só eu não, não vou morrer
Vou ficar para semente

Cá no meu modo de ver

Todo mundo morre
Só eu não, não vou morrer
Todo mundo morre
Só eu não, não vou morrer

Vou ficar para semente
Cá no meu modo de ver
Todo mundo morre
Só eu não, não vou morrer

Vou ficar para semente
Plantada no seu jardim
Só pra ver você meu bem
Jogar água em cima de mim

Só pra ver você meu bem
Jogar água em cima de mim

Se você não me regar
A chuva irá me regando
Se você não me regar
A chuva irá me regando

E florescendo numa linda planta eu irei me tornando
E florescendo numa linda planta eu irei me tornando

Todo mundo morre
Só eu não, não vou morrer
Vou ficar para semente
Cá no meu modo de ver

Todo mundo morre
Só eu não, não vou morrer
Todo mundo morre
Só eu não, não vou morrer

Vou ficar para semente
Cá no meu modo de ver
Todo mundo morre
Só eu não, não vou morrer

Vou ficar para semente
Plantada no seu jardim
Só pra ver você meu bem
Jogar água em cima de mim

Só pra ver você meu bem
Jogar água em cima de mim

Se você não me regar
A chuva irá me regando
Se você não me regar
A chuva irá me regando

E florescendo numa linda planta eu irei me tornando
E florescendo numa linda planta eu irei me tornando

Todo mundo morre
Só eu não, não vou morrer
Todo mundo morre
Só eu não, não vou morrer

Todo mundo morre
Só eu não, não vou morrer

6. Requebrado Diferente (Jorge Costa, Luiz Wanderley)

Você tem um requebrado, um requebrado diferente
Que deixa amalucado o juízo da gente
Você tem um requebrado espetacular

É de fazer o comércio fechar
Você tem um requebrado fora do comum
Que deixa estraçalhado o coração de qualquer um

Você tem um requebrado, um requebrado diferente
Que deixa amalucado o juízo da gente
Você tem um requebrado espetacular
É de fazer o comércio fechar
Você tem um requebrado fora do comum
Que deixa estraçalhado o coração de qualquer um

Ai, morena
Você abusa do direito de ser boa, porquê
Ai, morena
Tô doidinho
Tô louquinho por você

Ai, morena
Você abusa do direito de ser boa, porquê
Ai, morena
Tô doidinho
Tô louquinho por você

Você tem um requebrado, um requebrado diferente
Que deixa amalucado o juízo da gente
Você tem um requebrado espetacular
É de fazer o comércio fechar
Você tem um requebrado fora do comum
Que deixa estraçalhado o coração de qualquer um

Ai, ai morena
Você abusa do direito de ser boa, porquê
Ai, ai, ai, ai, morena
Tô doidinho
Tô louquinho por você

Ai, morena
Você abusa do direito de ser boa, porquê
Ai, morena
Tô doidinho
Tô louquinho por você

7. Barra Pesada (Moacyr da Mangueira, Padeirinho)

Você tem um requebrado, um requebrado diferente
Que deixa amalucado o juízo da gente
Você tem um requebrado espetacular

É de fazer o comércio fechar
Você tem um requebrado fora do comum
Que deixa estraçalhado o coração de qualquer um

Você tem um requebrado, um requebrado diferente
Que deixa amalucado o juízo da gente
Você tem um requebrado espetacular
É de fazer o comércio fechar
Você tem um requebrado fora do comum
Que deixa estraçalhado o coração de qualquer um

Ai, morena
Você abusa do direito de ser boa, porquê
Ai, morena
Tô doidinho
Tô louquinho por você

Ai, morena
Você abusa do direito de ser boa, porquê
Ai, morena
Tô doidinho
Tô louquinho por você

Você tem um requebrado, um requebrado diferente
Que deixa amalucado o juízo da gente
Você tem um requebrado espetacular
É de fazer o comércio fechar
Você tem um requebrado fora do comum
Que deixa estraçalhado o coração de qualquer um

Ai, ai morena
Você abusa do direito de ser boa, porquê
Ai, ai, ai, ai, morena
Tô doidinho
Tô louquinho por você

Ai, morena
Você abusa do direito de ser boa, porquê
Ai, morena
Tô doidinho
Tô louquinho por você

8. Porto Rico (Caco Velho, Heitor de Barros)

Você tem um requebrado, um requebrado diferente
Que deixa amalucado o juízo da gente
Você tem um requebrado espetacular

É de fazer o comércio fechar
Você tem um requebrado fora do comum
Que deixa estraçalhado o coração de qualquer um

Você tem um requebrado, um requebrado diferente
Que deixa amalucado o juízo da gente
Você tem um requebrado espetacular
É de fazer o comércio fechar
Você tem um requebrado fora do comum
Que deixa estraçalhado o coração de qualquer um

Ai, morena
Você abusa do direito de ser boa, porquê
Ai, morena
Tô doidinho
Tô louquinho por você

Ai, morena
Você abusa do direito de ser boa, porquê
Ai, morena
Tô doidinho
Tô louquinho por você

Você tem um requebrado, um requebrado diferente
Que deixa amalucado o juízo da gente
Você tem um requebrado espetacular
É de fazer o comércio fechar
Você tem um requebrado fora do comum
Que deixa estraçalhado o coração de qualquer um

Ai, ai morena
Você abusa do direito de ser boa, porquê
Ai, ai, ai, ai, morena
Tô doidinho
Tô louquinho por você

Ai, morena
Você abusa do direito de ser boa, porquê
Ai, morena
Tô doidinho
Tô louquinho por você

9. Lata de Graxa (Geraldo Blota, Mário Vieira)

No coração da cidade
Hoje mora uma saudade
A velha Praça da Sé, nossa tradição

Da praça da batucada, agora remodelada
Só ficou recordação

No coração da cidade
Hoje mora uma saudade
A velha Praça da Sé, nossa tradição
Da praça da batucada, agora remodelada
Só ficou recordação

Até um engraxate foi despejado
E teve que se mudar com sua caixa
Ai que saudade da batucada feita na lata de graxa
Ai que saudade da batucada feita na lata de graxa

No coração da cidade
Hoje mora uma saudade
A velha Praça da Sé, nossa tradição
Da praça da batucada, agora remodelada
Só ficou recordação

No coração da cidade
Hoje mora uma saudade
A velha Praça da Sé, nossa tradição
Da praça da batucada, agora remodelada
Só ficou recordação

Até um engraxate foi despejado
E teve que se mudar com sua caixa
Ai que saudade da batucada feita na lata de graxa
Ai que saudade da batucada feita na lata de graxa

Da batucada feita na lata de graxa
Da batucada feita na lata de graxa

10. Os Vidrados (Germano Mathias)

 

Ela amanhece pendurada na janela do lado de lá (do lado de lá)
Eu amanheço pendurado na janela do lado de cá (do lado de cá)
Ela anoitece pendurada na janela do lado de lá (do lado de lá)

Eu anoiteço pendurado na janela do lado de cá

E se você me perguntar o andar onde ela mora
Não vai dar para entender (entender)
Se perguntar à ela o meu nome
Eu garanto, ela não saberá dizer

Mas o diabo do pai dela
Fica todo invocado quando me vê na janela
Tá todo mundo perturbado
Tanto do meu lado como do lado dela

Eu sei que ela fica o dia todo pendurada vidrada para cá
Ela sabe que eu fico o dia todo pendurado, vidrado pra lá
Se ela está se divertindo, curtindo a dela do lado de lá
Eu também tenho direito de ficar curtindo a minha do lado de cá (do lado de cá)

Ela amanhece pendurada na janela do lado de lá (do lado de lá)
Eu amanheço pendurado na janela do lado de cá (do lado de cá)
Ela anoitece pendurada na janela do lado de lá (do lado de lá)
Eu anoiteço pendurado na janela do lado de cá

E se você me perguntar o andar onde ela mora
Não vai dar para entender
Se perguntar à ela o meu nome
Eu garanto, ela não saberá dizer

Mas o diabo do pai dela
Fica todo invocado quando me vê na janela
Tá todo mundo perturbado
Tanto do meu lado como do lado dela

Eu sei que ela fica o dia todo pendurada vidrada para cá
Ela sabe que eu fico o dia todo pendurado, vidrado pra lá
Se ela está se divertindo, está curtindo a dela do lado de lá
Eu também tenho direito de estar curtindo a minha do lado de cá (do lado de cá)

11.Nega Dina (Zé Kéti)

A Dina subiu
O morro do Pinto pra me procurar
Não encontrando foi ao morro da favela

Com a filha da Estela pra me perturbar

Mas eu estava lá no morro de São Carlos
Quando ela chegou, fazendo escândalo, fazendo quizomba
Dizendo que levou meu nome pra macumba

Só porque faz uma semana
Que eu não deixo uma grana pra nossa despesa
Ela pensa que minha vida é uma beleza
Eu dou duro no baralho pra poder comer

A minha vida não é mole, não
Entro em cana toda hora sem apelação
Eu já ando assustado e sem paradeiro
Sou um marginal brasileiro

A Dina subiu
O morro do Pinto pra me procurar
Não me encontrando foi ao morro da favela
Com a filha da Estela pra me perturbar

Mas eu estava lá no morro de São Carlos
Quando ela chegou, fazendo escândalo, fazendo quizomba
Dizendo que levou meu nome pra macumba

A Dina subiu
O morro do Pinto pra me procurar
Não me encontrando foi ao morro da favela
Com a filha da Estela pra me perturbar

Mas eu estava lá no morro de São Carlos
Quando ela chegou, fazendo escândalo, fazendo quizomba
Dizendo que levou meu nome pra macumba

Só porque faz uma semana
Que eu não deixo uma grana pra nossa despesa
Ela pensa que minha vida é uma beleza
Eu dou duro no baralho pra poder comer

A minha vida não é mole, não
Entro em cana toda hora sem apelação
Eu já ando assustado e sem paradeiro
Sou um marginal brasileiro

Só porque faz uma semana
Que eu não deixo uma grana pra nossa despesa
Ela pensa que minha vida é uma beleza
Eu dou duro no baralho pra poder comer

A minha vida não é mole, não
Entro em cana toda hora sem apelação
Eu já ando assustado e sem paradeiro
Sou um marginal brasileiro

 

12. Não tenho Sorte (Tóbis)

Não tenho sorte
Nem sei que forma tem a felicidade
A ingrata me abandonou

Quase morri de saudade

A maré enche e vaza
Eu devo me conformar
O mundo dá muita volta
E um dia ela pode voltar

Não tenho sorte
Nem sei que forma tem a felicidade
A ingrata me abandonou
Quase morri de saudade

A maré enche e vaza
Eu devo me conformar
O mundo dá muita volta
E um dia ela pode voltar

Meu barraco tem uma porta
Do lado, uma janela
Na parede do meu quarto
Coloquei o retrato dela

Também guardei um vestido
Que ficou por esquecimento
Todas as vezes que eu fito
Aumenta o meu sofrimento

Não tenho sorte
Nem sei que forma tem a felicidade
A ingrata me abandonou
Quase morri de saudade

A maré enche e vaza
Eu devo me conformar
O mundo dá muita volta
E um dia ela pode voltar

Meu barraco tem uma porta
Do lado, uma janela
Na parede do meu quarto
Coloquei o retrato dela

Também guardei um vestido
Que ficou por esquecimento
Todas as vezes que eu fito
Aumenta o meu sofrimento

13. Regenerado (Zé Kéti)

Eu já fui valente, já fui malandro
Metido a brabo, Seu Doutor
Mas agora eu sou um homem honesto e trabalhador

Cancelei as fichas, consegui tirar a minha identidade
Já fui pinta braba, quase estraguei a minha mocidade
Arranjei uma dona, sou papai, agora me manquei
Até de beber a minha cachacinha já deixei

Joguei muita ronda
Fazia miséria quando perdia
Já briguei no duro
Mas também já fiz muita covardia

Doutor Delegado, pelo amor de Deus
Não me prenda não
Que amanhã cedinho
Vou para o trabalho defender o pão

E não é xaveco, não

Ah seu Doutor, pega leva comigo

Eu já fui valente, já fui malandro
Metido a brabo, Seu Doutor
Mas agora eu sou um homem honesto e trabalhador

Cancelei as fichas, consegui tirar a minha identidade
Já fui pinta braba, quase estraguei a minha mocidade
Arranjei uma dona, sou papai, agora me manquei
Até de beber a minha cachacinha já deixei

Joguei muita ronda
Fazia miséria quando perdia
Já briguei no duro
Mas também já fiz muita covardia

Doutor Delegado, pelo amor de Deus
Não me prenda não
Que amanhã cedinho
Vou para o trabalho defender o pão

Eu vou seu Doutor
Ah, se vou

14. Seu Cochilo (Germano Mathias)

O Zé, tá nessa de dedo duro, meu irmão?
Que que é isso?

Você vê aí, Seu Cochilo
Não me trate assim
Boca de siri, crocodilo
Que eu trato de mim

Seu dedo duro
Pode me comprometer
Mas no futuro
Sua barba poderá crescer

Você é mau elemento
Já estou por dentro da situação
Fecharei seu paletó
Com toda essa marra de leão

O que é isso, Zé?
Não seja tão presepeiro
Como é que é?
Corujão não é maneiro

O seu baratino
É tão mixuruca para me engrupir
Uma grifa bateu para mim
Que você tira onda de faquir (você vê aí)

Você vê aí, Seu Cochilo
Não me trate assim
Boca de siri, crocodilo
Que eu trato de mim

Seu dedo duro
Pode me comprometer
Mas no futuro
Sua barba poderá crescer

Você é mau elemento
Já estou por dentro da situação
Fecharei seu paletó
Com toda essa marra de leão

O que é isso, Zé?
Não seja tão presepeiro
Como é que é?
Corujão não é maneiro

O seu baratino
É tão mixuruca para me engrupir
Uma grifa bateu para mim
Que você tira onda de faquir (você vê aí)

Era só o que faltava, né Zé?

15. Eu Vou te pegar (Manu Lafer)

Eu fui dançar, atrás do meu amor
Eu fui dançar, atrás do meu amor
O meu amor saiu à noite

Foi colorida pra boate

Eu fui atrás dessa mulher
De uma pista de dança
Ela viu, me distraiu, fugiu lá pra cozinha
Pulou uma janela escondidinha
Pulou uma janela escondidinha

Eu fui pra rua, atrás do meu amor
Eu fui pra rua, atrás do meu amor
O meu amor olhava sempre
Mudava logo de calçada

Eu fui atrás dessa mulher
Num beco sem saída
Ela era o meu sorriso, em grito, em flor, florida
Subiu numa escada em caracol
Subiu numa escada em caracol

Comi degrau, atrás do meu amor
Comi degrau, atrás do meu amor
O meu amor atravessava
A sala de entrada

Eu nem vi que eu tava ali
Que aquilo era uma casa
Eu nem vi que eu tava ali
Num quarto decorado
Lençol, lençol e cobertor
Lençol, lençol e cobertor

Eu vou te pegar
Vou te pegar
E nunca mais ficar sozinho

Eu vou te pegar
Vou te pegar
E nunca mais ficar sozinho

Ziriguidum, ziriguidum, ziriguidum
Ziriguidum, ziriguidum, ziriguidum

Eu vou te pegar
Vou te pegar
E nunca mais ficar sozinho

Eu vou te pegar
Vou te pegar
E nunca mais ficar sozinho

Ziriguidum, ziriguidum, ziriguidum
Ziriguidum, ziriguidum, ziriguidum

Mas! Ziriguidum, ziriguidum, ziriguidum
Ziriguidum, ziriguidum, ziriguidum

16. Malandro não Vacila (Germano Mathias)

Ô Germano, fala aí como é que é
A parada lá na zona leste ai, explica pro povo

Malandro que é malandro compadre, não vacila
E você anda vacilando compadre, lá na vila
Malandro que é malandro compadre, não vacila
E você anda vacilando compadre, lá na vila

Malandro que é malandro pisa no chão devagar
Chega bem de mansinho
Que é para os homens não notar
Sabe entrar e sabe sair
E criança respeitar
Não mexe com a mulher alheia
Que é pra na cadeia, mulher não virar (viu)

Olha que lá em Itaquera
Apesar da fama tem nego bacana
Mas você chegou lá meu compadre
Trocando a mão pelo pé
Entrou, entrou na casa do Loque
Ligou a vitrola e fez arrasta-pé
Usou e abusou
E na marra transou com a mulher do Mané

Ai, se fosse em Guaianazes, o bicho comia
Se fosse em Guarulhos, você sumia
Se fosse em São Miguel ou Capão redondo, você morria
Se fosse em Osasco, há há você virava churrasco, de quê?

Churrasco de malandro
Que só respeita o malandro quando ele é de fato
Churrasco de malandro
Que só respeita malandro quando ele é de fato

Fala Germano, e esse malandro ai bicho?
Tá pensado que língua de tamanduá é elevador de formiga?
Fala pra ele
Ai meu Deus do céu

Malandro que é malandro compadre, não vacila
E você anda vacilando compadre, lá na vila
Malandro que é malandro compadre, não vacila
E você anda vacilando compadre, lá na vila

Malandro que é malandro pisa no chão devagar
Chega bem de mansinho
Que é para os homens não notar
Sabe entrar e sabe sair
E criança respeitar
Não mexe com a mulher alheia
Que é pra na cadeia, mulher não virar (viu)

Olha que lá em Itaquera
Apesar da fama tem nego bacana
Mas você chegou lá meu compadre
Trocando a mão pelo pé
Entrou, entrou na casa do Loque
Ligou a vitrola e fez arrasta-pé
Usou e abusou
E na marra transou com a mulher do Mané

Se fosse em Guaianazes (ah), o bicho comia
Se fosse em Guarulhos, você sumia
Se fosse em São Miguel ou Capão redondo, você morria
Se fosse em Osasco, você virava churrasco, de quê?

Churrasco de malandro
Que só respeita o malandro quando ele é de fato
Churrasco de malandro
Que só respeita malandro quando ele é de fato

Olha aí
Ô malaco, vai morrer assado no microondas, hein

 

Onde encontrar

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