Como Tu Ninguém, canção famosa na voz de Orlando Silva, é também o nome deste CD, quase repetindo o nome do anterior, Someone Like You, que Manu dedicou ao cancioneiro norteamericano menos aproveitado. Faz o mesmo neste CD, desta vez valorizando a história e a atualidade perene do rádio brasileiro.
Para isso chamou Mateus Aleluia, baiano de Cachoeira que integrou os lendários Tincoãs (de quem João Gilberto gravou Cordeiro de Nanã), junto de quem Manu desfila raridades de cantores como Almirante, Jorge Veiga, Ciro Monteiro e Dick Farney, e de compositores como Ary Barroso, Wilson Batista e Geraldo Pereira, entre outros, com arranjos de Luiz Brasil e produção de Alê Siqueira.
A recriação dos ritmos que originaram os diferentes tipos de samba coube aos atabaques do percussionista Gabi Guedes, além das programações do tecladista Mikael Mutti.
O Rio de Janeiro está representado pela participação da cantora e instrumentista Mariana Bernardes em Bruxinha de Pano e Que Culpa Tenho Eu?, e o cantor Chico Aguiar (ou Chico Médico) faz com Manu um “dueto de médicos” na bem humorada Fizeram Muamba.
A batucada começou
Adeus, adeus,
Ó minha querida, eu vou
Não tem pra que você chorar
Se quarta-feira eu tenho que voltar
Tenha paciência
Sou eu que marco a cadência da bateria
Se eu faltar fico mal com o pessoal
Porque eu sou diretor-mestre de harmonia
Ai, doutor, eu amei demais
Ai, doutorzinho, eu sambei demais
Elas me perseguem
E eu sou rapaz
Diga com franqueza, doutor
Se eu estou no fim
Quando chegar o dia
Nenhuma, nenhuma,
Vai chorar por mim
O doutor mandou respirar
Mais uma vez e dizer
Trinta e três,
Trinta e três,
Trinta e três
Juro por Deus
Que se dessa eu escapar,
Nunca mais entro no samba,
E as cabrochas vão suar pra me apanhar
Uma canoa vai, correndo o rio, vai
Uma canoa vai, correndo o rio, vai
Veio de Minas
Agora atravessa a Bahia de nosso senhor
Leva o barqueiro
Que volta pra ver seu amor
Ô-ô-ô, ô-ô-ô,
Cantando ele diz
São Francisco, eu sou feliz
Ó rio do meu país
Pois vou ver meu amor
Tão longe a me esperar
Vou ficar, tu vais seguir
Correndo, buscando o mar
Mana Diodé
Você vai no Candomblé
Quando for chegando
Diz Agô, Kalofé
Se você não for
Apanhar com Pai Tomé
Seu axé
Olha Diodé,
Rolou Macoxi Eminimbé
Eu fui lá num pai de santo
O mais velho jogou búzios
Eu que não abuso
Vi seu nome no Alô
Se você soubesse a trapalhada que deu
Eu recebi um Santo
Santo que não era o meu, Diodé
Ela) Eu vim à festa ver o meu correto
(Ele) Sou eu
(Ela) Botei perfume de patchuli
(Ele) Essa neguinha não me deixa quieto
(Ela) Oxente, tira a mão daí, oxente
(Ele) De onde?
(Ela) Tira a mão daí, oxente
(Ele) Deixa ficar
(Ela) Tira a mão daí
Nego danado, tu não me arrespeita
(Ele) Quem? Eu?
(Ela) Com essas parte quer me moquiar?
(Ele) Nããão
(Ela) Tu tá pensando que eu não sou direita?
(Ele) Oxente, eu quero é casar, oxente
(Ela) É. Eu sei…
(Ele) Eu quero é casar, oxente, eu quero é casar
Bruxinha de pano, quem é que te quer?
(Ela) É tu meu neguinho, pra sua mulher,
E pra dar muitos beijo e fazer cafuné
E fazer cosquinha na ponta do pé
(Ele) Faz
(Ela) Pra dar muitos beijo e fazer cafuné
E fazer cosquinha bem na parma do pé
(Ele) Goste
(Ele) Quando tu fala teus beicinho treme
Teu corpo bole que é uma beleza
Tenho vontade de dizer je t’aime
(Ela) Ih, oxente, eu não sou francesa!
(Ele) Não?
(Ela) Oxente, eu não sou francesa!
(Ele) Ixe!
(Ela) Oxente, eu não sou francesa!
(Ele) Vamos Deixar Dessa Conversa fútis
(Ela) Proquê?
(Ele) Vê se te explica porque eu tou com pressa
(Ela) É né?
(Ele) Deixa que eu possa te oscular-te a cútis
(Ela) Ih, oxente, que besteira é essa?
Oxente, que besteira é essa?
Oxente, que besteira é essa?
(Ele) Bruxinha de pano, quem é que te quer, hein?
(Ela) É tu meu neguinho, pra sua mulherzinha
(Ele) É mesmo!
(Ela) É pra dar muito beijo e fazer cafuné
E fazer cosquinha na parma do pé
(Ele) Pode fazer
(Ela) E pra dar muitos beijo e fazer cafuné
E fazer cosquinha bem na sola do pezinho
Esta saudade que mora em meu peito
Faz a minh’alma chorar
Volta pra mim, para o lar
Que foi feito só para te abrigar
Como tu eu jamais encontrei
Quem me fizesse tão feliz
Como tu mais ninguém acharei
Meu coração assim me diz
Vamos viver nossas vidas iguais
Bocas juntinhas, unidas demais
Como tu, eu jamais encontrei
Sem ti, querida, morrerei
O Rei Tin Tin, querem me matar (bis)
Eu sei que morro mas não vejo meu amor (bis)
Eu vou ver o meu amor Naná (bis)
É um corre e pega lá na aboboseira
É um corre e pega que não tem parar
Eu tenho pressa, abra o caminho
Não vejo a hora de lhe ver chegar
Você demora, minha mãe tá me esperando,
Corta o tempo, mata o tempo, quero ver Naná
(bis)
O Rei Tin Tin, querem me matar
Pelo que é meu, pelo cabedá (bis)
Fizeram muamba, fizeram magia
Tanta bruxaria para me matar
Mas eu estou aqui vivo e são
Graças à proteção do meu Orixá
Até a minha nega, é, ficou maluca,
E eu em sinuca, sem jeito a dar
Fui então num pai de santo
Pra quebrar o encanto
Pra tirar o azar
Eu fui num canto de sabedoria,
O pai de santo me deu uma guia,
Aconselhou-me a usar
Um patuá feito na Bahia
Agora eu sou feliz,
Agora eu vivo em paz
1ª vez:
(O Manu Lafer/Chico Aguiar) …é mesmo quem diz
2ª vez:
(Chico Aguiar/O Manu Lafer) …cada vez tem mais cartaz
Pelo costume de beber gelado
Apanhei um resfriado que foi um horror
Porém, com medo de fazer despesa
Eu com franqueza não fui ao doutor
Pra me curar
E tudo o quanto foram me ensinando
Eu fui tomando, e cada vez pior
E quem quiser que siga o tratamento
Pois se não morrer da cura ficará melhor
Tomei de tudo
Escalda-pé, chá de limão, até xarope de alcatrão,
E nada me faltou
Tive dieta só de caldo de galinha
O galinheiro da vizinha se evaporou
E tive febre, tive tosse, dor no peito
E até fiquei daquele jeito, sem poder falar
Mandei chamar então um especialista
Que pediu dinheiro à vista pra poder me visitar
No bangalô, porém, choveu a noite inteira
E eu debaixo da goteira, sem ninguém saber
A ventania arrancou zinco do telhado
E me deixou todo molhado quase pra morrer
Sá Guilhermina quis me dar um lenitivo,
Então me fez um curativo, e fiquei jururu
E foi chamado finalmente um sacerdote
Pra me encomendar um lote de dez palmos no caju
Que culpa tenho eu da minha cor?
Que mal há nisso quando existe amor?
Zombam de mim sem razão,
Mas eu gosto dela
Não ligo, não
Que culpa ela tem de ser assim
Moreninha e maluquinha por mim?
Preconceito não põe mesa,
E eu digo com certeza
Que não inclui a minha cor
Não há nada nessa vida,
E nem mesmo a intriga
Não desfaz o nosso amor,
Que horror!
Eu vou mandar fazer um smoking da moda
Camisa de seda e uma gravata bordô
Eu vou, eu vou, eu vou
Ao baile de gala que o Tio Sam preparou
Para você mandei fazer uma baiana
Com as cores da nossa bandeira
Vamos mostrar que somo um país mais belo
Azul e branco, verde e amarelo
Meu coração bate tanto
Bate, bate, sem parar
Por causa de uma baiana
Que eu vi se requebrar
O elevador da Bahia
Sobe e desce sem parar
Parece o meu coração com vontade de amar
Baianinha feiticeira
Dê um sorriso pra mim, sim?
Remexa bem as cadeiras
Pelo Senhor do Bonfim
Com seu jeito gracioso
Causa em mim grande aflição
Pois maltrata sem ter pena
O meu pobre coração
Moleque Tumba (Henrique De Almeida)
É Tumba
Ê tumba, moleque, ê tumba
Ê tumba no gemedor
Ê tumba, moleque ê tumba
Ê tumba, é sim, senhor
Não sei se o que digo é certo
Não sei se isso está errado
Mesmo assim eu vou dizendo
Não posso ficar calado
Uns dizem que o tumba é samba
Mas não é samba, afinal?
De longe o tumba parece
Com o batalhão naval
O tumba só fica bem
No meio da batucada
O coro cantando é tumba
Por uma gente afinada
E tudo isso na cadência
Dando uma impressão real
De que se ouviu ao longe
Som de um batalhão naval
Moleque Tumba
E eu tomava umas e outras pra firmar o pé
Umas três com goma, e quatro com capilé
Na praça onze quando a roda se formava
Bom crioulo batucava e era só nego que tombava
E as cabrochas, quase todas de baiana
Desfilavam pela praça nos três dias da semana
E ao longe se escutava
Ê tumba, moleque, ê tumba
Ê tumba, no tumbador
(bis)
Depois da briga ela fez um cangerê pra mim
Meu santo é forte e o feitiço não pegou
Até parece que eu sou da Bahia
Até parece que eu sou de São Salvador
Eu trago um breve pendurado no pescoço
E uma medalha do meu santo protetor
Até parece que eu sou da Bahia
Até parece que eu sou de São Salvador
Tenho uma figa pra lidar com mau olhado
E um patuá que tem pra mim muito valor
Até parece que eu sou da Bahia
Até parece que eu sou de São Salvador
Mas o feitiço virou contra o feiticeiro
Tenho dinheiro, tenho sorte e tenho amor
Até parece que eu sou da Bahia
Até parece que eu sou de São Salvador