As Luas de Marte é o nome do álbum em parceria com o guitarrista e arranjador baiano Luiz Brasil (Caetano Veloso, Gal Costa).
A inspiração foram as músicas infantis e alegres que Luiz fez para a filha Beatriz.
Karina Zeviani assume com brilho a voz deste trabalho, dividindo a faixa A Casa do Taxista com Mariana Bernardes.
Manu teve o mérito de apresentar às crianças Luiz Brasil, um dos nossos artistas mais completos, que aqui mostra quase todas as suas facetas: compositor, arranjador, arregimentador, violonista, guitarrista e bandolinista.
Pensa quem tu qué, pensa quem qué tu
Pensa cucuruto brucutu
Pensa o Antenor, ela é meu amor
Vale cem anéis a Marilu
Pensa se virar, pernas para o ar
O Antenor vai nos seus cem pés
Que a centopéia leve leva pra casar
Pança de Antenor tranca trunca tu
Lá tá patinando e a Marilu
Ganha o Antenor para gadanhar
Tanque, cinturinha, Marilu
Rasta as caneladas, vai
Para dentro do salão
Com tanto pé só pede a mão?
Quem segue o peixe acerta onde ele foi
Gepeesse, onde se enfiou
Já mestre e professor não acha não de antemão
Ao antenar seu antenão não vê
Rastro de pardal, tem asa onde foi
Mas centopeia pra casar, que dirá?
Onde vai (vai longe vai)
Quem que dá dica, quem te diz
Casa do taxista, tinta de Deus
Quem que te dá deixa, proibiu
Mar de rio que despediu
Quem que dá dica, quem te diz
Eras arco-íris e já sumis
Quem que te dá vida, proibiu
Mar de rio, que despediu
Vai, vai que eu quero ir
Vai que eu quero ver
Você tu, que é só você
Coração da mulher
Não é pra ninguém querer brincar
E passear
E depois a bola lá do gandula lá
Querer panhar
Prenda minha, que bem me quer
Mulata, lourinha, que doce é
Prenda minha, Mariazinha
Que é minha vizinha de Boi Bumbá
Teus amigos são todos vivos
Laurindo, Aníbal, Artur Miró
Teus amigos são todos mitos
Que gente grande sempre cantou
Vem Miúcha, Mariana
Vem Karina, Aracyisaurar
Dona Stella, Linda Jambo, Nana, Alice
E essa Carmen, que é a tal
Quem que dá dica, quem te diz
Eras arco-íris e já sumis
Quem que te dá vida, proibiu
Mar de rio, que despediu
É um cavalo, é uma girafa
É um cachorro, é uma vaca
É capivara, é papagaia
É andorinha, é uma só
É um elefante, é um bicho, é um hipopótamo
Rinoceronte, um monte de quati, senhor
É uma zebra, é chimpanzé
Aqui lagarta, acolá gralha
Alta montanha, homem cavá-la
É criancinha, é sinhá só
É um canguru, é um salto de urubu bambu
É uma fonte, um tanque, um tanto de tatu
Eu não vejo o seu leão
Não estou vendo o seu pavão
Que garça? Que situação!
Chorar de jacaré
Eu nunca estive em Marte
Nunca que eu tive um bem
É que eu nasci de Marte, verde eu sei
Eu já nasci maduro
Duro foi ser vulcão
Eu nesse magneto vertebrei
Tenho um troço: albedo,
Que você vai ter,
Cabrita, condrito velho, pra você
Afélio e periélio pra te dar, parabéns
Coração e medo, eu não nego ter
Na esfera da atmosfera, Vênus, vem,
Teu próximo cabelo, vermelhar desse amor
Olha a lua!
Qual das duas, qual?
Cada quicar, cada estancar, cada degrau
Deimos igual
Olha de um lado só, tal
É sol, só que é sempre igual
A outra lua é Fobos
Trombas que são lição
Lua que é de lua, não é não
Tem piroxênio, tem oxigênio
Gêiseres, plagioclásio aluvial
Basalta de olivina
É divina imortal
Carne e moço, gente, ouçam bem:
Cada animal, parte e total,
Sentimental, tem cada qual
Tem todo mundo tem, tem
Neném, fui adulto bem
Eu que nanava em Marte
Tive que despertar
Tive meu continente de abraçar
Tudo que eu vi primeiro
Y otras cositas menos
Eu descobri solito
Sem contar
Sem encontrar ninguém
Vive feliz no condomínio uma comunidade
Vive feliz, mas sem pãozinho, pro café só fé
Te acordei, vem, mas você
Quer que eu solte e que eu te deixe em paz
Já eu te esperei
No forno assando a forma e no furgão, demais
Vive Daisy, com Mamy e Júnior, somos radical
Vive firme, o seu Salgado e a Dona Dulce, a tal
Diz aí, rei, pra você
Pão francês, que te apetece mais?
Eu, hein? Entreguei:
Nós dois labirintando a massa da real
Vai e vem, pão de queijo no capacho vem,
Vem tão cedo, e vem, no degrau com jornal
Cada andar da espiral, minutos de pão
Diga, se é preciso que você me dê a mão
E patinar nesse solo, você no meu colo
Nesse instante subindo e com você corrimão
Você radiante, no passo e pisante
No Jardim que é Botânico
(1ª/2ª vez): e urbano, mas é nosso
(3ª vez): e você na propaganda
Menina cheia de sono
Não quer dormir
Os olhos tão mareados
Não quer dormir
É princesa lenda
Fada de brincar
A pupila amada do nosso lar
Menina cheia de sono
Range maçã
Maçã que é da bruxa malvada
Que ela matou
E deixou sete anões
Longe dos seus portões
E foi… já filmou?
(1ª vez)
Será que… posso ver?
(2ª vez)
Será que posso ver?
Fim
R, gaúcha de enganchar
Fale em família do Brasil
Ela é baiana, “não” é “não”
“É” que não “é”, ré, pé, tição
E vai butando quem eu sou
Procurando: onde é que eshtou?
Vai me levando a petição
Eu parto que eu parrto a reparar
E quem tiver no teu pomar
Tu só vai ignorar
Para a tua foorrmação
Faz ponte aérea potiguar
Sua, não soa, sussurrão
Tira esse mito de imitar
Eu que te imito, um copião
Se é por aqui faça Bibi
Ó minha filha, ô filha
Que sotaque tá que tá
Faz fonfon, vou eu no vão
Diz que não é bem mais legal
Se eu te peço pra me corrigir
Se eu te corrigir de cara de par?
Você fera vocifera
Quando espera o seu amor
Faz um plano feito a esfera
De um iglu que degelou
Você pela quando apela
Da paúra imperador
E esse medo de ter medo
Só faz medo em vez de amor
Você grila, se enquizila
Panturrilha pra trator
Descarrilha tralalila
Telha e trilha, aqui não tou
Quem faz jura já procura
Dá jujuba ao urubu
O azar não come sopa
Mas debruça e fuça angu
Você faz que faz mas não faz
Você vai que vai mas não vai
Não só ele, não só ela
Considera, agora é nós
Doença tem ose, tem lise, tem oma
Tem febre, mitose, tem tosse e tem coma
Eu tive, sou gente, com câncer de mama
De cama e trabalho, de rua e diploma
Deixaram meu corpo que nem picolé
Fiquei magricelo e até sem mulher
Eu vi meu cabelo cair no meu pé
Na máquina zero não tem cafuné (bis)
Tem tico e tem teco que junta e pergunta
Pobrema de junta, não sabe é fajuta
De onde vem peso, de onde vem náusea
Sem dúvida, ajuda, se tudo tem causa
Quem vence na urna a Primavera Irã
Alastra internet a matança instante
E tem presidente que diz que é só briga
Que briga a torcida e que a bola é que é vã (bis)
Querem me desenganar
Querem que querem me politizar
Querem que querem que eu ande a andar
Para que eu durma meu sono a sonhar
Como se eu fosse sonhar (bis)
A vida é o colo de ser torcicolo
Crescer a família no mundo cruel
E tem presidenta que só dialoga
Que só dialoga com quem decapita
Com fogo eu preparo um guizado preciso
Eu sirvo, me sirvo e já sinto servido
Passei desamparo, cateter comprido
Jamais mais corado, curado e bonito (bis)
Sou eu saltimbanco de pálido alento
Na praça, de graça, das tripas omento
Mambembe, mulambo, seringa do acre
Judeu, índio e preto, caxias, marrento
Se chove, sol pula, dá uva e dá vento
Sou frio no sorriso e firmei firmamento
Quem come ossobuco e carrega jumento
Que dá jenipapo e batata potato (bis)
Querem me desenganar
Querem que querem me politizar
Querem que querem que eu ande a andar
Para que eu durma meu sono a sonhar
Como se eu fosse sonhar (bis)
Quando o guri cair na estrada do guri
E se ancorar no barco do rio Guaguá
Onde o guri se vira para o bote se firmar
E a sua rede flui que flui pra flutuar
Um papagaio acorda quem acordar
E oferece o dia ao perguntar
…cadê o café?
Cadê o café? Cadê o café?
Mas o café tá lá! Mas o café tá lá!
Quando o guri cair na estrada do guri
E repousar no pouso do rio Guaguá
Onde o guri balança para não gorar gagá (bis)
Cadê o café? Cadê o café?
Mas o café tá lá! Mas o café tá lá!
Eu sou pobre, pobre, pobre
De marré, marré, marré
Eu sou pobre, pobre, pobre
De marré deci
Eu sou rica, rica, rica
De marré, marré, marré
Eu sou rica, rica, rica
De marré deci
Eu sou pobre, pobre, pobre
De marré, marré, marré
Eu sou rica, rica, rica
De marré deci
(Instrumental)